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Sem demanda, inflação mostra opção por preço
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Sem demanda, inflação mostra opção por preço
por Valor Econômico
11/08/2015

Nos últimos 12 meses, as famílias reduziram a ida ao cabeleireiro, vão menos ao restaurante, compraram menos automóveis e menos itens de vestuário e calçados, segundo indicam dados de produção da indústria, vendas do comércio e receita do setor de serviços. Apesar da forte queda da demanda, os preços ainda sobem influenciados pelo forte choque de custos (aumento de tarifas, desvalorização cambial e correção dos salários) e pela estratégia de parte dos setores de corrigir preços para manter a margem de sua operação, mesmo diante da perda de volume.

Essa estratégia se mostra mais forte em serviços e menos intensa na indústria. Essa combinação é um dos motivos pelos quais a retração da atividade ainda não chegou aos preços ao consumidor, embora os economistas concordem que já não se pode falar na clássica "inflação de demanda". Para economistas ouvidos pelo Valor, a retração no consumo de bens e serviços vai afetar a inflação ao longo dos próximos meses, mas será um movimento lento, e menos intenso em serviços. Alguns setores são emblemáticos do ajuste via preço, mesmo sem demanda, como serviços e automóveis, embora o impacto de cada um sobre a inflação seja muito distinto.

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a receita nominal do setor dedicado às famílias saiu de uma alta de 11 % no acumulado em 12 meses em abril do ano passado para 7% nos 12 meses encerrados em abril deste ano. Há um ano, a receita do setor superava a inflação (de 8,99%), indicando que além de preço, o volume de serviços fornecidos (conserto de automóvel, corte de cabelo, banho em pets etc.) havia aumentado. Agora, a receita já perde para a inflação de serviços, que estava em 8,34% até abril, indicando que as famílias já reduziram a demanda por serviços. "Estamos no começo do ajuste.

A primeira fase é essa", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista­chefe do banco Fator. Em automóveis, os preços também sobem, apesar da crise. A queda na produção foi de 20% nos últimos 12 meses, mas os preços subiram 7,7% nas fábricas e 6,8% ao consumidor no mesmo período, segundo dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP) e Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ambos calculados pelo IBGE.

Parte desse aumento decorreu do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no começo desse ano, outro choque de preços que afetou o setor. Recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma pesquisa de custos industriais que mostrou que no primeiro trimestre de 2015, os custos subiram 3 % sobre igual período de 2014, mas o setor reajustou os preços em 4 %, o que teria permitido alguma recuperação de margem.

Elson Teles, economista do banco Itaú, observa que apesar de aumentos como o dos veículos, o problema da inflação não está na indústria, onde ele vê preços mais comportados e afetados pelo conjunto de administrados, câmbio, salários e impostos. "Há um conjunto muito grande de choques provocando a inflação", diz ele. Teles lembra que no começo do ano se projetava um aumento de energia entre 30% e 40% e ele já está em 60% em 12 meses, o que provoca aumento em cadeia em outros serviços administrados, como está acontecendo agora com água e esgoto.

Nos 12 meses encerrados em maio, enquanto o conjunto do IPCA sobe 8,47%, a inflação dos itens monitorados acumula 14,09% e a dos serviços, 8,23%. Nos preços livres, que deveriam responder mais rapidamente à queda da demanda, a inflação ainda resiste. Passou de 7,1% nos 12 meses encerrados em maio de 2014 para 6,8% em igual mês deste ano. Nos preços livres, contudo, os industriais subiram 4,14% até abril, pelo IPCA, observa a economista Basiliki Litvac, da MCM Consultores.

Abaixo da média do IPCA, já perto de 8,5%, esse é um sinal, pondera ela, de que a demanda fez esse setor absorver parte do choque vindo de administrados, câmbio e recomposição de impostos. "O repasse do câmbio sobre os preços industriais tem se dado de forma menos intensa que em outros momentos e isso está relacionado com a queda a atividade", diz ela. Nas projeções da MCM, cada 10% de desvalorização cambial pode se transformar em inflação de 0,4 a 0,5 ponto percentual se a economia estiver aquecida.

No quadro atual, o impacto cai pela metade. Para Basiliki, os mecanismos de indexação e a própria memória dela impedem uma desaceleração mais forte. Como a média dos economistas, a MCM projeta que haverá uma queda expressiva do patamar inflacionário ­ dos quase 9% deste ano cairá para 5,4% em 2016. Nesse recuo, porém, há um forte componente de administrados, cuja alta de 15,2% (projetada pela consultoria para encerrar 2015) cederá para 6,2%. "Não dá para desprezar o peso de vários choques sobre a inflação", diz Teles, do Itaú, listando a desvalorização do câmbio (40% olhando para 12 meses) e os preços administrados.

Mesmo com a atividade fraca, diz ele, há um trabalho a ser feito para que a transmissão desses choques para os demais preços, salários entre eles, não seja feita integralmente. A calibragem desse movimento, de quanto mais de juro será necessário para controlar os repasses, é muito difícil para o Banco Central, reconhece Teles. Para o empresário que não quer sacrificar margem, a alternativa é ajustar o custo. Gonçalves, do Fator, avalia que há um ajuste de custos também em curso, como fica evidente com as demissões no setor de serviços, que antes só contratava. "A quantidade está caindo, o emprego está caindo, só os preços ainda não estão em queda", acrescenta.

Ele não espera, porém, que a queda na demanda por serviços provoque deflação. "No caso de dois pet shops, hoje instalados lado a lado, pode ser que um feche na crise", exemplifica, ressaltando que quem ficar aberto talvez não reduza o preço, já que a concorrência diminuiu.

 
 
 
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