O preço dos produtos básicos de café da manhã teve reajuste de, aproximadamente, 20%, no último ano, em Uberlândia. O aumento representa o dobro da inflação registrada em 2015, de 10,67%. O preço médio do quilo do pão francês, por exemplo, em sete estabelecimentos cotados, passou de R$ 10,06, em maio do ano passado, para R$ 11,93 neste mês.

A comparação é feita com base na tabela de preços divulgadas pelo Índice de Preços do Centro de Pesquisas Econômico-sociais (IPC/Cepes), em maio do ano passado. Os principais motivos apontados pelos empresários do setor são os maiores gastos com matéria-prima, energia elétrica e impostos. Outros comerciantes também alegaram uma redução nas compras diárias da população em até 30%.

Em 12 meses, nos estabelecimentos pesquisados, mercadorias, como o pão de queijo e o leite foram reajustadas em até três vezes, com valores acima da inflação. O litro de leite de saquinho, desde janeiro, aumentou até 40 centavos, o que representa cerca de 21% de reajuste. O pacote de 500 gramas de uma marca de café passou de R$ 9,60 para R$11,50, em um período de quatro meses (20%).

Os empresários justificam que os aumentos são necessários, pois acompanham o reajuste de ingredientes, como farinha, óleo e ovo, além de gastos com energia elétrica, gás e impostos. Luiz Carlos Dantas, proprietário de uma panificadora no bairro Santa Mônica, zona leste da cidade, disse que o movimento, neste início de ano, reduziu 15%. Em sua visão, os empresários do setor estão vivendo um dilema ao tentar manter o preço mesmo com os crescentes gastos.

Em seu estabelecimento, em um ano, o pão foi reajustado três vezes e, segundo Dantas, o preço continua defasado. “É complicado, porque a reação do mercado caiu, mas a nossa despesa aumentou. Quando o preço da matéria-prima cresce, não podemos acompanhar esse reajuste, o que já faz com que comecemos a perder”, afirmou.

IPC/Cepes
Os dados oficiais atualizados do IPC/Cepes, relativos aos preços de 2016, ainda não foram divulgados neste ano e seguem sem previsão para publicação, conforme informou assessoria de comunicação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Empresário substitui farinha

A panificadora gerenciada por Diogo Alvim, localizada no bairro Patrimônio, zona sul, teve uma redução de lucro de 30% nos últimos dois anos. O gerente afirmou que o fluxo de clientes no estabelecimento se manteve, mas as compras diárias estão menores. “Pessoas que compravam oito pães, agora compram cinco, além de evitar mercadorias mais caras”, disse. 

A alternativa encontrada por Alvim para não aumentar os preços sucessivamente foi substituir ingredientes, como a farinha de trigo importada, que deu lugar à fabricada nacionalmente. Mesmo assim, mercadorias como a rosca tiveram aumento de até 50%.  “Tentamos ver quais produtos estamos com uma margem de lucro maior para segurar o preço. Nos outros, a gente tenta inflacionar o mínimo possível. Hoje, só a qualidade não fideliza o cliente. Ele está em busca de um bom preço”, afirmou.

Consumidores mudaram hábitos

O aumento nos preços dos produtos de padaria tem feito os consumidores mudarem os hábitos. A família da esteticista Aline Gomes, por exemplo, tomava o lanche da tarde em uma panificadora diariamente, por encontrar mais praticidade. A refeição chegava a R$ 20. “Sentimos o aumento, tinha ficado mais difícil. Agora estamos comendo mais em casa, diminuindo as idas à panificadora. Temos comprado algumas bolachas e leite com achocolatado, que fica mais em conta”, afirmou.

O aposentado Geraldo Carlos Silva está evitando levar alguns produtos mais caros. Ele afirmou que a padaria é só um reflexo do atual cenário econômico. “É uma conjuntura difícil. Estou procurando utilizar só o que realmente precisa. O supérfluo tem que ficar de fora”, afirmou.