Embora a economia brasileira dê sinais de esgotamento, há quem, em meio ao furacão, esteja otimista para 2016. Apontado por economistas e indicadores como um ano mais difícil do que foi 2015, empresários querem nadar contra a maré. É o que aponta a pesquisa Avaliação e Perspectivas do Sebrae Minas, obtida com exclusividade pelo Estado de Minas. Foram entrevistados 1,6 mil micro e pequenos empresários de todo o estado nos setores de comércio, serviços e indústria. O estudo mostrou que 44% esperam aumentar o faturamento, 58% querem ampliar as vendas e 45% apostam que vão encerrar o ano com lucro. Para se manterem nessa onda otimista, o não repasse no aumento dos custos aos consumidores é uma das promessas.

Traumatizados com o ano de 2015, quando houve queda de produção nas indústrias e de vendas no comércio, e 50% dos empresários tiveram queda no faturamento, conforme mostra a avaliação, neste ano eles querem dar a volta por cima. A pesquisa foi feita entre os meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016. “Eles estão otimistas e vão adotar estratégias para atrair a clientela. As ações vão desde lançar novos produtos no mercado e aprimorar atendimento a absorver o aumento dos custos, sem repassar aos consumidores”, comenta a gerente da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, Carolina Xavier. Embora os dados tenham sido colhidos até janeiro, eles são atuais e refletem bem a realidade, segundo ela.

Com quase 60% dos entrevistados esperando aumentar o número de vendas em 2016, o levantamento apontou que o setor de serviços e a região do Triângulo apresentaram maior parcela de empresários com perspectivas otimistas – 65% dos gestores acreditando no aumento do volume de vendas. E a indústria obteve o maior percentual de empresários prevendo queda da receita (25%). “O ano de 2015 foi de dificuldade. Mas os entrevistados estão confiantes e com boas ideias para melhorar seus produtos e serviços. Eles acreditam que terão um ano mais favorável, apesar do cenário. Quando há essa esperança, há um impacto na cadeia. Os gestores vão investir, os funcionários vão começar a sentir confiança e o otimismo vai alimentando esse ciclo”, diz Xavier.

De acordo com dados do Sebrae, 59% dos entrevistados esperam um aumento no número de clientes e 86% acreditam no aumento ou estabilidade do número de empregados. Para isso, os gestores indicam interesse na adoção de estratégias de redução de custos (61,5%); revisão das finanças (39,1%); focalização em nichos de mercado (46,5%); e lançamento de novos produtos (50,2%).

CAUTELA 

Apesar do otimismo, a percepção dos empresários em relação ao desempenho da economia brasileira para 2016 sinaliza cautela. Mais de 70% dos entrevistados esperam pelo aumento da carga tributária e das taxas de desemprego, de juros e de inflação. Já para o Produto Interno Bruto (PIB), expectativas estão divididas (32% esperam aumento; 24%, estabilidade; e 38%, queda). Em 2015, segundo o Sebrae Minas, atrelado aos reajustes nos preços da energia, água, combustíveis, entre outros, o aumento nos custos foi realidade em 80% dos pequenos negócios do estado.

Para este ano, 62% dos entrevistados preveem aumento dos custos, sendo os mais impactados o setor de comércio (66%) e das regiões do Sul e Norte de Minas (69%,). O Sebrae mostrou que, em 2015, 57% dos empresários aumentaram seus preços. Este ano, 48% preveem elevar os preços praticados em seus estabelecimentos. Segundo a pesquisa “o não repasse ao aumento dos custos aos consumidores foi uma estratégia adotada por parte dos empresários em 2015 e deve se manter em 2016”. “Isso porque há uma menor parcela de empresários com previsão de aumento dos preços de seus produtos e serviços em 2016 que aqueles que acreditam no aumento dos custos. Para isso, eles vão mexer no estoque e na margem de lucro, e assim conseguir manter seus produtos a preços acessíveis”, diz Carolina Xavier.