A falta de água potável nas cidades abastecidas pela bacia do rio Doce, provocada pelo rompimento da barragem da Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na região Central do Estado, movimentou os negócios das empresas distribuidoras de água mineral nas cidades afetadas. Contudo, na capital mineira e região metropolitana, o calor acima da média é considerado o principal responsável por impulsionar os negócios neste ano. A Nascente de Minas Distribuidora de Bebidas, sediada em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), é uma das mais otimistas e prevê finalizar 2015 com faturamento 25% maior frente ao ano passado. Segundo o diretor Marcos Carvalho, as temperaturas elevadas, que persistiram praticamente durante todo o segundo semestre, foram cruciais para intensificar a demanda pelo produto. Ele observa, ainda, que o calor ajudou a minimizar os efeitos da crise econômica, que prejudica muitos dos cerca de 200 clientes ativos na carteira da Nascente de Minas. “A maioria deles são restaurantes, hotéis e pousadas, que registraram queda expressiva no movimento em 2015”, analisa. O diretor é otimista em relação a 2016, quando espera repetir a mesma alta obtida neste ano. A Serrano Distribuidora, instalada na região da Pampulha, projeta avanço de 9% para este exercício frente ao anterior. O diretor Cléber Borges atribui a elevação, sobretudo, ao clima seco e abafado. “Este ano foi bom para a empresa, mas a situação lamentável em cidades como Mariana e Governador Valadares não influenciou muito. Eu fiz alguns atendimentos na região, porém todos muitos pequenos”, relata. Para alcançar o resultado positivo, Borges também reforçou a equipe comercial ao contratar mais quatro vendedores. Por isso, ele projeta um crescimento maior, de no mínimo 10%, em 2016. “A equipe, por enquanto, é nova e está em processo de formação. Então, a expectativa é que resultados mais expressivos sejam alcançados ano que vem”, prevê. Há pouco tempo no mercado, a H2O Distribuidora, no bairro Buritis, região Oeste, iniciou as atividades há um ano e meio e deve triplicar o faturamento em 2015 frente ao montante acumulado em 2014. O proprietário Weber Rangel revela que o desempenho melhorou a partir de agosto, época em que os termômetros começaram a subir com mais força. Em novembro, após o rompimento da barragem, ele admite que novos clientes buscaram a empresa com o intuito de levar água para as regiões afetadas. A fim de evitar mais um primeiro semestre fraco em 2016, Rangel confessa que estuda a possibilidade de distribuir outros produtos, menos sujeitos a efeitos sazonais. A H2O tem, atualmente, 980 clientes cadastrados, 70% deles empresas. Estabilidade e queda - O crescimento, entretanto, não foi unânime entre as empresas do ramo. A Distribuidora de Águas Minerais BH, no bairro Parque Riachuelo, região Noroeste, projeta estabilidade no confronto com 2014. A empresa é especializada no atendimento a órgãos públicos e foi prejudicada pela mudança de governo. O gerente Rogério Paiva diz que, além da demanda ter diminuído, os pagamentos sofreram atrasos e começaram a ser regularizados somente na segunda metade do ano. Na Arigua Distribuidora de Água Mineral, com sede em Contagem, na RMBH, 2015 foi um período conturbado. “Com a crise, perdemos importantes clientes, o que deve provocar uma retração de 25% no faturamento neste ano”, lamenta o proprietário, Alexandre Nonato. Ele afirma que, em seu caso, o calor não foi suficiente para conter as consequências do mau momento econômico vivenciado pelo País.
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