Brasil, 1986. Ano de lançamento do Plano Cruzado, lançado pelo presidente José Sarney, e início de um tempo conturbado para o país. Grandes inflações, eleições, escassez de alguns produtos, congelamento dos preços em todo o varejo e outros apertos da economia tornavam difícil a vida dos negócios e também a abertura de novas instituições. Assim como em outros setores, a panificação teve um de seus momentos mais duros no Brasil, porém, grande parte das empresas e dos donos de negócio que já existiam ou surgiram naquela época ganharam maior força e experiência de mercado para seguir no varejo.
E foi na cidade de Macapá, situada na região norte, que no mesmo ano do Plano Cruzado o empreendedor Aldarito Fernandes decidiu ingressar no Setor. A princípio sem experiência e em uma sociedade com o irmão, ele montou uma padaria em um primeiro ponto e depois veio a fechar por falta de matéria-prima. Disposto a arriscar novamente, ele faz então uma nova tentativa, desta vez com mais quatro sócios, algo que, contrariando as expectativas, deu certo apenas no primeiro ano e terminou com um rompimento. Restava ainda a última tentativa.
Em 1996, após comprar um maquinário próprio, ele abre a Panificadora Carol, um negócio que é hoje destaque em sua região. “Entreguei o carro que tinha na época para pagar o equipamento e abri com R$51 mil de débito, e R$50 reais na carteira. Então fiz uma previsão e estipulei R$500 reais para o primeiro dia, o que para mim seria a certeza que o negócio iria dar certo. Lembro que ao final faturamos 732 reais, e então fomos em frente”, conta o Sr. Aldarito.
O negócio que começou apenas com uns cinco funcionários e contando com esposa Janete no caixa cresceu, e hoje emprega 34 colaboradores. Para isso, precisou apresentar aos clientes novos produtos. “Vendíamos o pão careca, que em outras partes do país é o francês, e então criei outro, que chamei de caseirinho. Para tornar ele conhecido, eu ia colocando um ou dois de brinde na sacola do cliente e, no outro dia, quando ele voltava, me perguntava sobre ele, e assim a panificadora ia crescendo”.
Engajado no Setor, envolvido com os eventos que acontecem pelo Brasil e buscando capacitação, Sr. Aldarito conta que aprendeu a sempre participar de feiras, como a Fipan, que visita todo ano, e segue junto ao Sebrae, por meio do qual conheceu a Metodologia Propan. “Em 2008 procurei o Sebrae, viajamos para Minas Gerais, visitamos a Pão da Serra e nossa gestora fechou com o Márcio Rodrigues. Estávamos muito carentes de auxílio aqui” conta. De acordo com ele, todas as áreas do negócio receberam consultoria, dentre elas financeiro, RH, gestão de pessoas, atendimento, vendas e marketing. “Com as consultorias foi possível melhorar, e hoje indico para todos os donos de padaria”.
“Nos controles financeiros tivemos maior dificuldade, e a consultoria deu uma arrumada legal”. Contando hoje com cerca de 300 itens no mix, fora produtos de revenda, o empresário fala ainda sobre a importância do intercâmbio cultural. “Quando estive em Minas, visitei a Pão da Serra, uma experiência real de aprendizado, e a Boníssima, onde experimentei uma baguete crocante com queijo e peguei a receita, afinal, não seria concorrência por estar tão longe aqui no norte”, relembra ele.
Levando a receita para o Macapá, ele apresentou a nova baguete para os clientes, lançou o produto, insistiu e conseguiu que caísse no gosto dos clientes, que aliás apreciam hoje também a localização e a estrutura da panificadora, que hoje opera onde antes era uma antiga residência, adaptada atualmente para o comércio. “Fomos evoluindo com as consultorias e hoje somos bem elogiados pelos clientes”.
Com o ideal de criar um prédio modelo para o negócio, e isso já dentro de um ano, já há na empresa também o processo de sucessão familiar, algo planejado para que o filho assuma o negócio capacitando-se também, assim como o pai, que aprendeu a trabalhar e a valorizar os produtos e a especialização na panificação desde as décadas de 1980 e 90, quando aceitou com coragem e força o desafio da panificação.
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