Nos últimos dias, o delivery foi um assunto que surgiu em algumas conversas que tive com profissionais no mercado. Não tenho dúvida em afirmar que esta é uma tendência na gastronomia, mas como toda a tendência, ela sempre oferece oportunidades e riscos.
Cabe a você, profissional do mercado, entender como esta tendência impacta seu negócio, e o que ela pode significar para sua operação.
Aprendi em minha carreira que devemos evitar os exageros. Muita gente vê o delivery como uma solução para seu negócio, e outros o vêem com algo impossível para sua operação. Eu tomaria cuidado com as duas avaliações, pois em geral elas são baseadas em pré conceitos.
O primeiro grande passo é avaliar a possibilidade e, se possível, testar uma solução.
Quanto você considerar um teste, vai entender o impacto do delivery na sua operação. Aqui vale avaliar se seus equipamentos podem absorver esta nova demanda e se você tem pessoal necessário para dar este passo. Estas não são as únicas perguntas, mas são o começo para quem quer começar no delivery
O delivery do Saj restaurante
O Saj restaurante hoje, para mim, é uma referência em delivery. Não digo isto por conta dos resultados, pois não tenho ideia do impacto em suas operações, mas digo isto por conta do tempo que o Saj já conta com uma operação de delivery.
Algo que impressiona em sua operação, e que muitos não sabem, é que eles têm um endereço dedicado à operação de delivery. Um imóvel de menor custo que não está nem caracterizado com a marca da operação.
Com esta cozinha dedicada, ele consegue ter mais foco na operação de delivery e evita que as operações do restaurante se confundam com o delivery. Muitas vezes, a presença das motos próximas à entrada principal do seu restaurante é algo complicado.
Nem todo o cardápio se adapta ao delivery
Eu diria que sim, mas mais importante que responder a questão é produzir testes e avaliar como a comida chega após o transporte. Bons projetos não podem sofrer com ansiedade. Teste, desenvolva e pesquise. O importante é não transformar seu consumidor numa cobaia.
Tenho ouvido de alguns empreendedores que sua comida não se adapta ao sistema de entregas. Devo dizer que isto é um paradigma perigoso, pois nem mesmo o serviço de pizza, tão habituado ao delivery, oferece uma pizza na mesma condição do que o produto servido na mesa de uma pizzaria.
Lembre-se que a embalagem e o tempo de transporte terão efeito na oferta final do seu produto. A grande pergunta que devemos fazer é: até que ponto o consumidor se preocupa com isto?
Aqui está em jogo a comodidade. Imagine um casal que tenha tido um bebê e, portanto, não consegue ir até um restaurante. Eles devem entender a diferença entre o pedido na mesa de seu restaurante e o prato enviado para sua casa. A diferença, para eles, é que estão podendo comer a comida que gostam.
Quer ter uma ideia de como o mercado está trabalhando? Peça comida pelos aplicativos em casas que você conhece e confia, nesta semana. Veja como seus concorrentes estão fazendo. Acredito que você pode ter algumas surpresas.
A oportunidade com os aplicativos
De toda a forma, com a chegada dos aplicativos de entrega, uma grande barreira de entrada, que era o transporte, foi eliminada. Vale avaliar este tipo de serviço e fazer testes. Esta é uma receita adicional que pode gerar um ganho maior para sua casa, uma vez que não teremos o custo de serviço do restaurante.
Para o varejo tradicional, a criação de lojas na internet teve o impacto de um desenvolvimento de uma segunda loja. Acredito que, para os restaurantes, este será o maior benefício do delivery. Ampliar a venda dos produtos sem um grande aumento no custo fixo é uma grande oportunidade.
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