Novos hábitos alimentares têm feito com que rotisserias e restaurantes inovem nos cardápios de ceias prontas para atender a demanda de veganos, celíacos, intolerantes à lactose e pessoas com outras restrições. Com isso, a ceia de Natal já não é mais tão tradicional quanto antes. Essa também pode ser uma estratégia para os supermercados que oferecem ceias prontas.
A demanda, segundo Rafaela Natal, gestora de foodservice da AGR Consultores , existe e não para de crescer. "Um em cada 214 brasileiros não pode comer glúten. Cerca de 8% das crianças com menos de seis anos têm restrições alimentares. E, como o cardápio natalino original inclui produtos com muito carboidrato, que geralmente contém glúten, e com lactose, há muita demanda por ceias sem esses itens."
Exemplos O restaurante Quattrino, inaugurado em 1989 em São Paulo, que oferece uma ceia natalina sem glúten desde o ano 2000. Segundo Mary Nigri, a proprietária, no início o público do cardápio se restringia aos celíacos (pessoas intolerantes ao glúten), mas se expandiu nos últimos anos, com a popularização das dietas especiais.
Há cerca de quatro anos, outra dieta também gerou novidades no cardápio. Naquela época, clientes do restaurante começaram a pedir uma ceia inspirada na dieta Ravenna, desenvolvida pelo psicanalista argentino Máximo Ravenna. A casa passou a manter um profissional exclusivo para os pratos do menu, que demanda medidas bastante exatas.
O valor dos cardápios, de R$ 220, é o mesmo do menu tradicional. Entre as opções estão saladas, risotos e tortas —para os que preferem uma ceia sem glúten— e caldos, carnes e sobremesas com frutas para os adeptos da dieta Ravenna. Juntos, representam cerca de 17% das reservas e ceias do retaurante.
No Quintana Café & Restaurante, em Curitiba, 20% dos pedidos de ceia sob encomenda são de cardápios sem glúten ou lactose. O restaurante, que usa alimentos orgânicos na maioria das receitas, começou a oferecer a opção há cerca de quatro anos a pedido de alguns clientes, segundo a chef Gabriela Carvalho."Criamos sugestões que vão atender a uma minoria. Adaptamos pratos que levam glúten ou lactose na composição original", explica.
Preço especial
Segundo Rafaela Natal, da AGR Consultores, o cardápio que contempla restrições alimentares pode ser mais caro. Ela conta que os celíacos desembolsam em média 77% mais que os não celíacos na compra de pães, por exemplo. "São produções em escala menor, o que aumenta o custo e provoca impacto no valor pago pelo consumidor." Principalmente no caso dos alimentos sem glúten, há uma série de detalhes que podem encarecer a produção. Por isso, o empreendedor deve analisar antes de decidir oferecer essa opção. "Quem possui esse tipo de intolerância não pode consumir nenhum traço de glúten. A produção desse alimento tem que ser feita em uma área isolada, que não comprometa o preparo e não cause contaminação", afirma Natal.
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