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Crise altera formato de embalagens de alimentos
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Crise altera formato de embalagens de alimentos
Maior procura por embalagens que fogem do tamanho tradicional é confirmada pelos supermercados
por Newtrade
13/10/2016

A crise não tirou o fôlego dos lançamentos das indústrias de alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza. Ao contrário. A fatia de novos produtos no total do faturamento de uma cesta com 96 itens desses segmentos praticamente dobrou de 2014 para 2015. Os lançamentos ficaram concentrados no formato das embalagens, maiores ou menores, para atender o consumidor que precisa economizar.

Em 2014, os novos produtos responderam por 2,7% do faturamento da cesta monitorada pela Kantar Worldpanel. No ano passado, essa participação foi de 5,3%. Semanalmente, a empresa visita cerca de 11 mil domicílios para monitorar o comportamento de compras.

Um dado que chama atenção é que as inovações de produtos ficaram concentradas no formato das embalagens. Nesse quesito houve crescimento de 13,1% no total de lançamentos no último ano, enquanto o lançamento de novas marcas deu marcha à ré, caindo 9,6% na mesma base de comparação.

“Para atender à necessidade do consumidor que está com bolso mais apertado, as indústrias lançaram produtos em formatos reduzidos ou em embalagens maiores, dependendo do momento de compra, isto é, num supermercado de vizinhança ou num atacarejo”, diz a diretora comercial da empresa de pesquisa, Christine Pereira.

Essa maior procura por embalagens que fogem do tamanho tradicional é confirmada pelos supermercados. Levantamento da Associação Paulista de Supermercados (Apas) mostra, por exemplo, que as vendas de maionese em embalagens de 500 gramas caíram 1% de 2014 para 2015, enquanto as de embalagens menores cresceram 2,4% e as econômicas, de 1 quilo, aumentaram 1%.

Esse movimento também foi observado no refrigerante, diz o gerente de economia e pesquisa da Apas, Rodrigo Mariano. A venda do refrigerante de 2 litros caiu 2% de 2014 para 2015. Já a embalagem com até 260 mililitros aumentou 3% e a econômica, de 3 litros, cresceu 1%.

Com a renda corroída pela inflação e o aumento do desemprego, o brasileiro teve de se adaptar aos tempos bicudos para compras de itens básicos. “O consumidor está optando pelas embalagens que exigem menor desembolso ou pelas econômicas, que permitem levar mais por menos”, diz Mariano.

Ele acrescenta que essa tendência de lançamento de produtos em novos formatos é mais evidente em segmentos de alto giro, como mercearia salgada e itens de higiene e limpeza.

De acordo com a pesquisa da Kantar, os lançamentos no último ano foram concentrados no segmento de alimentos (38%) e de higiene e beleza (36%).

Manutenção

Ao contrário de outras crises, em que o consumidor simplesmente deixava de comprar produtos, desta vez ele tenta preservar conquistas. Patrícia Beber, diretora geral da Kantar no Brasil, diz que, nos últimos anos, o consumidor reduziu os gastos nos supermercados, cortou os volumes, mas está levando mais unidades para casa. “Ele está abrindo mão dos volumes, mas tentando manter as categorias incluídas recentemente na cesta de compras, mesmo que em embalagens menores.”

 
 
 
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