A maioria das empresas de varejo ainda não investe em inovação. Uma pesquisa realizada pela Fecomércio-MG mostra que 57,9% das empresas entrevistadas não realizou nenhuma ação inovadora nos últimos 12 meses. “Falta informação ao empresário, que pensa a inovação como uma coisa de empresa de tecnologia, dispendiosa. Ele não sabe que uma inovação incremental pode ser uma mudança na forma de atendimento, na forma de entrega de um produto ou serviço”, explica o economista da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida. Segundo o estudo, 42,4% dos entrevistados afirmaram que “ser muito caro” é motivação para não investir em inovação.
Entre os 42,1% entrevistados que investiram em inovação, 51,4% afirmaram que não houve impacto no faturamento com as ações inovadoras. Porém, para os irmãos Marcos, Cleison e Kênia Martins, sócios da Auto Peças Continental, no bairro Padre Eustáquio, as inovações realizadas foram o principal motivador para um incremento de 25% no faturamento da empresa nos últimos 12 meses. “Inovamos oferecendo novos produtos, investimos nos clientes corporativos para não contar apenas com o cliente do balcão, e crescemos muito abrindo uma loja virtual”, conta Kênia Martins.
“Mesmo em crise, crescemos 20%, com investimento em marketing, sorteios, adquirindo novos produtos. Vendi um carro para investir nessas inovações”, conta a sócia da Porto Seguro Tintas, Luciana Mendes.
Para Almeida, uma dificuldade mesmo para as empresas que já inovaram, é compreender que o processo de inovação deve ser contínuo. Entre as empresas que inovaram nos últimos 12 meses, 51,5% admitiram que foram eventos isolados. “Uma ação isolada surge para suprir uma necessidade, mas a inovação deve ser cíclica, porque ela é rapidamente absorvida pela concorrência”, diz Almeida. “Percebemos isso na empresa, investimos na entrada da loja, os concorrentes mudaram. Por isso temos que sempre pensar na próxima inovação”, diz Kênia.
A inovação no varejo está concentrada nas empresas já consolidadas e maiores, já que 53,1% das empresas que inovaram no último ano tem mais de nove funcionários e entre as empresas com mais de 50 anos de história, 71,4% investem em inovação. É o caso da Auto Peças Continental que tem nove funcionários e 30 anos de mercado. “A maioria das empresas do varejo são micro e pequenas empresas, porém, as maiores se destacam porque são mais estruturadas, têm maior capacitação e conhecimento técnico”, avalia Almeida.
No futuro
Intenção. Entre as empresas que foram entrevistadas em agosto de 2016 pela Fecomércio-MG, 55,3% afirmaram que pretendem investir em inovação nos próximos 12 meses.
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