Para alguns restaurantes, a informalidade na hora das refeições pode reduzir custos e, até, atrair um número maior de clientes. A tendência que conquistou alguns estabelecimentos em São Paulo inclui comer sem talheres, pratos de papel e balcões compartilhados com outras pessoas.
O bairro dos Pinheiros, região nobre de São Paulo, concentra alguns restaurantes nesse modelo. O cardápio reduzido e a forma descontraída de servir ajuda a diminuir algumas cobranças, como de 10% do garçom.
Na pizzaria Napoli Centrale, do gaúcho Marcos Livi, o cliente leva até sua mesa compartilhada uma pizza individual, cortada em quatro fatias, em um suporte de papel, em 90 segundos. Para usar garfo e faca, é preciso pedir no balcão.
De acordo com Livi, são oferecidos cinco sabores de pizzas e uma receita especial por mês. Com tíquete médio de R$ 25, a pizzaria estima fazer 150 atendimentos por mês. “Existe um mercado, um público que não está tão preocupado com o ritual à mesa. O ritual do garçom tirar o pedido, o ritual de servir a bebida, o ritual de servir a comida, estão ficando de lado para algumas pessoas. Elas estão mais exigentes com o produto que consomem, não com o serviço”, explica o empresário.
Na opinião de Livi, a crise econômica pode ter influenciado na escolha por esse modelo de negócio. “É uma quebra de paradigma em direção a um ambiente mais democrático. Aqui, você vê um executivo de terno e gravata e um office boy na mesma mesa comendo uma pizza. As pessoas estão aprendendo a ser solidárias”, pontua.
Com foco nesse público, a hamburgueria Na Garagem, de Gilson de Almeida, aposta na praticidade e cardápio simplificado para atrair os clientes. O estabelecimento funciona em um espaço de 18 metros quadrados e duas opções de sanduíches no cardápio: o x-salada ou o vegetariano.
“O cardápio foi baseado no tamanho do local. Minha proposta era criar três tipos de hambúrguer. O x-salada, porque eu adoro, um vegetariano e o terceiro seria um hambúrguer do chef. Mas não tive tempo para fazê-lo e não teve espaço”, explica Gilson. Para começar o negócio, o empresário investiu R$ 150 mil e alugou a garagem do condomínio onde morava, em Pinheiros.
Segundo Gilvan, a inspiração do negócio veio de estabelecimentos de Nova Iorque, onde chefs usam espaços muito pequenos para cozinhar e se formam grandes filas na calçada. “É muito caro comer fora de casa. Também por isso, as pessoas estão buscando a informalidade. Aqui, chamo a pessoa pelo nome, entrego o pedido num pratinho de papelão e não cobro 10% (referente a taxa de serviços)”, conta Almeida, que tem faturamento estimado em R$ 1.750 ao dia.
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