Iguaria tipicamente mineira, o pão de queijo resiste aos tempos de crise, com produção crescente em Minas Gerais. Como era de se esperar, pães de queijaria viraram febre entre empreendedores, dos food trucks até fábricas de maior porte, todos lucrando com a receita que caiu no gosto do consumidor brasileiro e conquistou até mercados mais improváveis, como o japonês. A data de criação da quitanda a base de polvilho, leite, ovos e o puro queijo de minas é incerta, mas muitos pesquisadores concordam que ela surgiu no século 18, como alternativa aos produtos feitos com trigo.
Com algumas variações na receita, dependendo da região do estado, o fato é que a fama do pão de queijo se espalhou pelo país e ganhou o mundo. Hoje, dia do pão de queijo, fabricantes preparam degustações nos pontos de venda, como supermercados e shoppings, para festejar a quitanda. Não há um levantamento preciso sobre a produção no estado. Estima-se que em Minas sejam fabricados entre 6 mil e 8 mil toneladas ao mês.
Só a Forno de Minas, um dos maiores fabricantes de pão de queijo no Brasil, produz 1,7 mil toneladas por mês, sendo que 120 toneladas são destinadas à exportação, o que equivale a aproximadamente 300 mil pacotinhos de pães de queijo embarcando do Brasil. O produto é exportado para os Estados Unidos, Canadá, Portugal, Inglaterra, Chile, Peru, Uruguai e Emirados Árabes.
"Nossa previsão é chegar em 2020 exportando 25% de nossa produção", diz Hélida Mendonça, diretora de Recursos Humanos e Comunicação da Forno de Minas. Segundo ela, mesmo com a diversificação do produto o pão de queijo tradicional continua sendo o carro-chefe da marca. Hélida conta que a receita segue a tradição do famoso pão de queijo do Noroeste de Minas, trazida por dona Dalva Mendonça, fundadora da Forno de Minas. Para este ano, a empresa prevê parcerias com Japão, Colômbia, México e Argentina.
Para dar uma ideia de como o produto é consumido, de 2014 para 2016 a Pif Paf Alimentos, empresa mineira que produz pão de queijo congelado nas mais variadas formas, registrou aumento de 20% na produção. A companhia, atualmente, produz 5,8 mil toneladas do produto por ano, que são consumidas no mercado interno e também exportados para Japão e Angola. Segundo o diretor de relações institucionais da Pif Paf Alimentos, Cláudio Faria, a empresa vem fabricando o produto desde 2005. O pão de queijo que tem conquistado o paladar ao redor do mundo tem resistido ao tempo e à crise. “Este ano teremos crescimento entre 4% e 5%”, estima o executivo.
HISTÓRIA
Muitos acreditam que o pão de queijo tenha sido criado em meados do século 18. Assados em fogão a lenha, os pães eram feitos com os ingredientes das próprias fazendas mineiras. Essa é a história contada pelo estudioso mineiro Cláudio Pimentel de Castro, de 89 anos. Segundo ele, em Paracatu, cidade mineradora no Noroeste de Minas, a iguaria teria sido inventada entre 1738 e 1740, como forma de vencer o isolamento da cidade que era rota de garimpeiros e aventureiros em busca de ouro.
“Para se ter ideia do isolamento da região, muito tempo depois desse ciclo do ouro, em 1938, a viagem entre Paracatu e Belo Horizonte ainda durava quase três dias”, observa o estudioso. Claúdio Pimentel explica que como o trigo não chegava ao Noroeste do estado pela ausência de estradas e meios de transporte, as mulheres misturavam o polvilho feito da mandioca com o leite, ovos e queijo, criando, então, o que viria a ser o famoso pão de queijo mineiro. “Comercialmente o pão de queijo chegou a Belo Horizonte em 1942. Uma das primeiras casas a vendê-lo comercialmente foi a Camponesa, uma lanchonete da época.”
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