As reclamações em relação à composição e manutenção de uma boa equipe de trabalho são comuns em muitas empresas, em especial no segmento de alimentação, panificação e confeitaria. Uma das maiores dificuldades dos pequenos negócios, como padarias, é formar e manter uma equipe de trabalho qualificada e motivada. Muitas vezes, os novos funcionários não recebem a orientação e o treinamento adequados para se adaptarem à rotina, às normas e aos valores da empresa. Isso pode gerar insatisfação, baixo desempenho, erros, desperdícios e até mesmo desligamentos precoces.
Paralelamente, o pessoal mais experiente, que já domina as técnicas e os processos do trabalho no dia a dia, nem sempre são reconhecidos e valorizados pelo seu conhecimento e pela sua contribuição. Isso pode gerar desmotivação, estagnação, acomodação e até mesmo evasão.
Como resolver essa questão? Uma das soluções mais eficazes e econômicas é usar um funcionário da equipe como um “anjo da guarda”, que acompanha os novatos dentro da empresa, até que eles conheçam a rotina de trabalho. Neste artigo, vamos explicar o que é essa função, como estruturá-la na sua empresa, como escolher o funcionário mais adequado para ser o anjo e quais são os benefícios que essa prática pode trazer para o negócio.
Como estruturar o trabalho do anjo da guarda na empresa
O anjo da guarda é um funcionário mais experiente que tem a função de orientar, ensinar, apoiar e acompanhar o recém-chegado durante os primeiros meses de trabalho. Esse novato pode tanto ser um funcionário recém-contratado ou quanto alguém transferido de outro setor que precisa aprender as competências necessárias para desempenhar bem o seu papel na equipe.
Para que o trabalho do anjo seja efetivo, é preciso que a empresa defina claramente alguns aspectos, como:
- Perfil do anjo: as características, as responsabilidades e as competências que o anjo deve ter para exercer a função. Por exemplo: ter conhecimento técnico, experiência prática, capacidade de ensinar, paciência, empatia, liderança, etc.
- Seleção do anjo: como a empresa vai escolher o funcionário mais experiente que vai assumir esse papel. Por exemplo: observando o desempenho, a postura, o relacionamento com os colegas e a disposição para essa atividade.
- Preparação: como a empresa vai treinar e capacitar o funcionário designado para ser o anjo para que ele possa ser efetivo na orientação ao colega. Para isso, pode oferecer cursos, materiais, orientações e feedbacks sobre a sua atuação como o anjo.
- Apoio ao anjo da guarda: como a empresa vai reconhecer e valorizar o trabalho do anjo. Exemplo: dando incentivos, premiações, elogios e oportunidades de crescimento profissional.
- Acompanhamento do trabalho do anjo: envolve a definição da forma com que a empresa vai monitorar e avaliar o processo de aprendizagem do novato. Isso pode ser realizado estabelecendo metas, indicadores e mecanismos de comunicação entre o anjo, o novato e o gestor.
Como escolher o funcionário ideal para ser o anjo da guarda
Por mais que seja algo importante, o tempo de casa não deve ser o único critério para se escolher o funcionário “anjo”. É preciso que o anjo tenha também algumas qualidades e habilidades que facilitam a transmissão do conhecimento e a construção de uma relação de confiança com o novato. Veja algumas dessas qualidades e habilidades que podem ser buscadas na equipe:
- Conhecimento técnico: o anjo deve dominar as técnicas e os processos do setor e se souber como tudo se integra na empresa, melhor ainda. Deve saber resolver problemas e estar atualizado sobre as inovações e as tendências do mercado.
- Experiência prática: o anjo precisa ter vivenciado situações reais de trabalho, saber lidar com os desafios e as dificuldades do dia a dia e ter boas práticas para compartilhar.
- Capacidade de ensinar: ele deve saber explicar de forma clara e objetiva os conceitos, os procedimentos e as normas da empresa, adaptando-se ao ritmo e ao estilo de aprendizagem do colega.
- Paciência: essa é uma habilidade importante, pois o anjo pode ter que repetir uma explicação várias vezes seguidas e ainda esclarecer as dúvidas e corrigir os erros do novato, sem perder a calma ou a gentileza.
- Empatia: o anjo deve se colocar no lugar do novato, compreender suas dificuldades, suas expectativas e seus sentimentos, e oferecer apoio emocional e motivação.
- Liderança: o anjo deve ser um exemplo para o novato, demonstrando comprometimento, responsabilidade, ética e respeito.
Para identificar essas qualidades e habilidades no funcionário mais experiente, a empresa pode observar seu desempenho, sua postura, seu relacionamento com os colegas e sua disposição para assumir esse papel. A empresa pode também aplicar testes, entrevistas ou dinâmicas que avaliem o potencial do funcionário para ser um anjo.
Além de observar as habilidades necessárias, é preciso cuidar para que o funcionário escolhido este realmente integrado à função. é preciso também motiva-lo e nesse sentido a empresa pode mostrar ao anjo benefícios que pode obter com a experiência:
- Ampliação de seus conhecimentos e suas habilidades, revisando e atualizando o que já sabe e aprendendo novas formas de fazer as coisas.
- Desenvolver sua confiança, sua autoestima e seu reconhecimento, mostrando seu valor e sua competência para a empresa e para a equipe.
- Crescimento profissional, tendo mais oportunidades de participar de projetos, cursos, eventos e promoções na empresa.
- Ganhos financeiros também podem ser considerados e acertados com o anjo.
O trabalho do anjo na prática
Vale lembrar que a integração dos novatos será bem melhor tanto se o anjo estiver bem orientado sobre como cuidar do seu orientado quanto depende também desse funcionário que chega, da sua vontade e disposição e ainda da estrutura de treinamento que a empresa mantém.
A recomendação é que o anjo realize o trabalho com o novato em duas etapas, uma teórica e outra prática.
Na fase teórica, deve-se apresentar a empresa, mostrar seus setores, colaboradores, descrever sua missão, objetivos e filosofia, além de informações pertinentes ao trabalho do colaborador, como horário, uso de uniforme, o que se espera dele e o que a empresa lhe oferece, entre outros assuntos.
Já a integração prática é o treinamento do funcionário. Essencialmente fazer com que ele compreenda as informações que estão sendo passadas para que as execute da melhor forma possível.
Os anjos da guarda precisam ser treinados para atuarem como multiplicadores. Eles precisam entender a responsabilidade em formar os novos colaboradores através de ferramentas como Procedimentos Operacionais Padrão (POP), cartão de tarefas e divisão de tarefas.
Dica para transmitir as informações: reforçar os dados sobre a empresa; depois falar sobre os clientes, produtos comercializados, tipo de serviço que a pessoa vai executar, motivo pelo qual irá realizar tal serviço, como sua atividade garantirá o bom andamento de outras tarefas ou serviços.
O anjo da guarda acompanha o novo funcionário na empresa, durante aproximadamente duas semanas, ensinando questões operacionais que irão auxiliá-lo em suas atividades.
Uma sugestão é usar formulários de acompanhamento do período de experiência, em que se registre a avaliação do novo colaborador.
Como a empresa pode se beneficiar com uma equipe bem orientada
O trabalho do anjo da guarda não é apenas uma forma de treinar os novatos. É também uma forma de desenvolver os próprios anjos e de melhorar o clima organizacional, a cultura e a imagem do negócio. Ele traz benefícios para a empresa, como:
- Adaptação: o trabalho com o anjo da guarda acelera a adaptação dos novatos à rotina, às normas e aos valores da empresa, fazendo com que eles entendam o que se espera deles e como devem agir em cada situação.
- Integração: a integração dos novatos à equipe e à empresa é facilitada, fazendo com que eles se sintam acolhidos, valorizados e pertencentes ao grupo.
- Fortalecimento da cultura: esse processo fortalece a cultura da empresa, fazendo com que haja mais alinhamento, identificação e orgulho dos valores e da missão da organização.
- Melhor clima organizacional: com o trabalho do anjo e os novatos bem orientados, pode-se conseguir uma equipe mais confiante e cooperativa.
- Desenvolvimento: o anjo estimula o desenvolvimento dos novatos, fazendo com que eles aprendam as competências necessárias para desempenhar bem o seu papel na equipe e para crescer profissionalmente. Enquanto isso, o próprio anjo também se capacita, ou se recicla.
- Redução da rotatividade: bem acolhido e orientado, o novato tende a se sentir mais satisfeitos, motivados e comprometidos com a empresa e com o seu trabalho.
- Aumento da produtividade: a orientação permite aumentar a produtividade dos novatos, fazendo com que eles realizem as tarefas com mais rapidez, qualidade e eficiência.
- Melhoria da qualidade do serviço: o processo melhora a qualidade do serviço prestado aos clientes, fazendo com que os novatos atendam às expectativas e às necessidades dos consumidores.
- Retenção e valorização: o trabalho do anjo retém os talentos que são escolhidos como anjos, fazendo com que eles se sintam valorizados, desafiados, realizados e leais à empresa.
- Melhoria da imagem da empresa: com uma equipe mais bem orientada e trabalhando melhor, a empresa tende a ter uma melhor imagem perante os consumidores, os fornecedores, os parceiros e a sociedade em geral, fazendo com que ela seja vista como uma empresa responsável, inovadora e humana.
O trabalho com o anjo da guarda faz com que a empresa possa continuamente melhorar sua equipe de trabalho. E manter um bom desempenho faz com que a produtividade seja elevada! Tanto para os novos funcionários quanto para os antigos. A produtividade será maior se a equipe conseguir fazer mais, com o mesmo tempo normal de trabalho.
Ao se integrar adequadamente um novo colaborador, contribui-se até mesmo para reciclagem dos outros, já que podem, ao ver o novo funcionário em ação, relembrar ou reforçar as boas práticas.
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